Reggio Emilia: conheça a proposta pedagógica que revoluciona a educação - Gazeta do Povo
O que torna seu filho especial e admirável? A resposta, é claro, vai variar de família para família. Cada criança é um indivíduo extraordinário, com suas próprias qualidades, dificuldades, preferências e habilidades. Não existe receita de bolo para formar um adulto confiante, feliz e bem-sucedido. O melhor conceito educacional para que uma pessoa desenvolva seu potencial será aquele que acolhe as particularidades que tornam um ser humano único.
Essa é a proposta da abordagem Reggio Emilia, que defende uma escola humanizada, apta a ensinar os alunos a dominarem suas capacidades físicas, psicológicas e emocionais, além de desenvolver e valorizar as potencialidades de cada criança.
Defendida por educadores de países europeus que são referências em escolarização, a abordagem já chegou ao Paraná e pode impactar as vidas de muitos estudantes curitibanos, criando uma geração mais preparada para o mundo.
O que é Reggio Emilia?
O ano era 1945 e o planeta enfrentava uma transformação geopolítica irreversível. A Segunda Guerra Mundial tinha acabado há pouco tempo, e muitos países ainda buscavam formas de se reconstruir depois de uma tragédia coletiva e econômica sem precedentes. Era um período de muitos questionamentos. Todos refletiam sobre a sociedade em que gostariam que seus filhos e netos crescessem.
Uma das localidades que tentava se reerguer era a comuna de Reggio Emilia, na região norte da Itália. Arrasada pelo conflito armado, a cidade foi reduzida a escombros.
Os moradores da região, empobrecidos pela guerra, venderam os poucos pertences que sobraram — muitos deles entulhos que foram deixados para trás pelos alemães. Com o dinheiro arrecadado, decidiram construir o que seria o marco zero da nova fase: uma escola para crianças feita com os tijolos que sobraram de casas bombardeadas.
A comunidade trabalhou no prédio em conjunto, com as próprias mãos, como um símbolo do que desejavam transmitir para os filhos que estudariam ali: uma visão de mundo participativa, pró-ativa e solidária.
A história inspiradora se espalhou pelas províncias próximas e logo chegou aos ouvidos de Loris Malaguzzi, pedagogo e professor. Encantado, o educador se ofereceu para elaborar um projeto educacional que honrasse toda aquela demonstração de força, protagonismo e resiliência.
Nascia ali a abordagem Reggio Emilia, com um olhar voltado para a escuta, interesses, potencialidades e habilidades da criança. Proporcionando aos educandos o direito de conduzir o próprio processo de aprendizagem enquanto falam, pesquisam, criam e brincam.
Reggio Emilia na prática
O método não se trata de uma fórmula, mas de uma filosofia. É uma pedagogia focada em desenvolver as habilidades da criança, criando um sujeito independente, autônomo e confiante em sua capacidade de ser um grande líder, independente dos caminhos que escolha na vida.
Para isso, todo o conteúdo é trabalhado de maneira interdisciplinar, valorizando o esforço em equipe. O aluno é incentivado a buscar as informações, refletir criticamente sobre o que lê e apresentar suas conclusões para a turma em debates e assembleias.
As dinâmicas são elaboradas de acordo com a faixa etária da criança . Nos primeiros anos da escolarização, por exemplo, é comum que as brincadeiras sejam adotadas como ferramenta de aprendizado.
Conforme os alunos crescem, outras possibilidades vão sendo incorporadas. A tecnologia, o ensino de idiomas, os trabalhos manuais e as linguagens artísticas são outros caminhos que podem ser adotados. Tudo para que crianças e adolescentes tenham a oportunidade de descobrir a própria personalidade e aprender a se movimentarem pelo mundo.
As famílias curitibanas já podem matricular seus filhos em uma escola conceituada que segue a filosofia reggiana sem ir muito longe de casa. O Colégio Amplação, localizado dentro do bairro planejado Neoville, enxerga o aluno como protagonista de sua própria história.
Para isso, a instituição de ensino usa metodologias ativas, que incentivam os estudantes de todas as idades a se posicionarem, desenvolverem senso crítico e aprenderem a navegar pela vida de forma que faça sentido para eles.